Rússia se prepara para iniciar maior exercício militar desde o fim da União Soviética

300 mil homens e 36 mil veículos militares farão treinamento com participação de chineses e mongóis, no que a Otan vê como um ensaio para um 'grande conflito'.
Com a mobilização de cerca de 300 mil homens, a Rússia lança nesta terça-feira (11) os maiores exercícios militares desde o fim da União Soviética, denunciados pela Otan como o ensaio para um "grande conflito". Batizados de "Vostok-2018" (Leste-2018), em russo, eles serão realizados de 11 a 17 de setembro.
Essa mobilização maciça terá ainda a participação dos exércitos chinês e mongol e se estenderá por pontos de operações militares entre Moscou e a Península de Kamtchatka, no Extremo Oriente do paí. Os exercícios ocorrem em meio a tensões persistentes com o Ocidente, entre a crise ucraniana, o conflito sírio e inúmeras acusações de interferência na política ocidental.
"Haverá um ar de Zapad-81, mas mais imponente de certa maneira", declarou no final de agosto o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu.
Vostok-2018: contingente previsto
300 mil soldados |
36 mil veículos militares |
1.000 aviões |
80 navios |
"Imagine 36.000 veículos militares se movendo ao mesmo tempo: tanques, blindados de transporte de tropas, veículos de combate de infantaria. E tudo isso, é claro, em condições próximas a uma situação de combate", explicou.
Todo o repertório moderno do Exército russo será exibido: mísseis Iskander, capazes de transportar ogivas nucleares, tanques T-80 e T-90 e os recentes caças de combate Su-34 e Su-35. No mar, a frota russa implantará várias fragatas equipadas com mísseis Kalibr, que provaram seu valor na Síria.
Os últimos exercícios militares russos na região, Vostok-2014, reuniram 155.000 soldados, já as manobras Zapad-2017 (Oeste-2017) organizadas no ano passado nas portas da União Europeia implicaram 12.700 homens segundo Moscou, enquanto a Ucrânia e os países bálticos citaram um contingente muito maior.
'Futura guerra mundial'
À margem do Fórum Econômico de Vladivostok, no Extremo Oriente russo, onde o presidente chinês também é esperado, o presidente russo Vladimir Putin deve assistir aos Vostok-2018.
"Trata-se de uma preparação para uma futura guerra mundial. O Estado-Maior russo acredita que acontecerá depois de 2020 -- seja uma guerra global, ou uma série de conflitos regionais em larga escala. E o inimigo serão os Estados Unidos e seus aliados", explicou à AFP o especialista militar russo Pavel Felguengauer.
Segundo ele, a participação da China nesses exercícios, apesar de modesta, com 3.200 homens, é um fator-chave. "Não é tanto um sinal, uma mensagem, como uma preparação para uma guerra real de grande magnitude", afirmou.
Uma opinião compartilhada pela Otan, que acredita que os exercícios Vostok-2018 "demonstram que a Rússia se concentra na formação de um conflito em grande escala".
"Isso é parte de uma tendência que temos visto há algum tempo: uma Rússia mais segura de si mesma, que aumenta significativamente seu orçamento de defesa e sua presença militar", indicou um porta-voz da Aliança Atlântica, Dylan White.
Preocupações minimizadas pela Rússia. Segundo a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, "Vostok-2018 está longe da área de responsabilidade da Otan e não altera a segurança de seus Estados-membros".
'Sem alternativa'
Com a acentuada degradação das relações entre Moscou e o Ocidente, a Rússia aumentou seus exercícios militares, do Cáucaso ao Báltico e até no Ártico, enquanto denuncia a expansão da Otan em suas fronteiras, uma ameaça fundamental à sua segurança de acordo com a nova doutrina militar russa adotada em 2014.
As manobras russas no Extremo Oriente foram precedidas de exercícios no Mediterrâneo, de 1 a 8 de setembro, nos quais participaram mais de 25 navios e trinta aviões, em um contexto de fortalecimento da presença russa na Síria, onde intervém militarmente desde 2015.
O porta-voz do Kremlin advertiu no final de agosto: "A capacidade (da Rússia) para defender-se na atual situação internacional, que muitas vezes é bastante agressiva e hostil em relação ao nosso país, se justifica, é essencial e sem alternativa."
Fonte:
G1
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